Eventos e Experiências iniciais - Século 19

A mensagem do terceiro anjo apresenta o conflito entre a falsa e a verdadeira adoração, e os eventos finais ao redor da justificação pela fé. A mensagem começa dizendo “se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão"¹ estará debaixo ira de Deus, portanto perdido. Deus colocou Seus filhos de sobreaviso, mostrando-nos a hora de tentação e angústia que está diante de nós. O povo se encontrará em um cerrado combate com a besta e sua imagem. E nossa única esperança de vida eterna consiste em permanecer firmes.²

A mensagem do terceiro anjo termina dizendo: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.”³ Nessas palavras e em toda essa mensagem encontramos a mensagem da justificação pela fé.⁴ Como poderíamos definir esse tema de justificação pela fé? O que é justificação pela fé? A inspiração nos responde dizendo: "É a obra de Deus ao lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer."⁵

No século 19, Deus estava disposto fazer pelo povo o que eles não poderiam fazer por eles mesmos. Esse pequeno povo fiel já tinham passado por forte sacudidura, experiência de purificação e desprendimento. Eles recém tinham passado pelo desapontamento de 1844, e então a luz brilhou e tiveram “seu desapontamento explicado, e a alegria e a certeza de novo os animam. O terceiro anjo iluminou o passado, o presente e o futuro, e eles sabem que na verdade Deus os tem guiado por Sua misteriosa providência”.⁶

A mensagem dos três anjos levou o povo remanescente a ver sua relação para com Deus e Sua lei, sendo a fé essencial a fim de guardar a lei de Deus; pois “sem fé é impossível agradar-Lhe.” O "eu" e a vontade própria deveriam ser crucificados a fim de receberem a justiça de Cristo, e serem contados entre os selados.

Os selados deveriam estar vestidos do manto da justiça de Cristo. “Este vestido fiado nos teares do Céu não tem um fio de origem humana. Em Sua humanidade, Cristo formou caráter perfeito, e oferece-nos esse caráter. [...] Por Sua obediência perfeita tornou possível a todo homem obedecer aos mandamentos de Deus. Ao nos sujeitarmos a Cristo, nosso coração se une ao Seu, nossa vontade imerge em Sua vontade, nosso espírito torna-se um com Seu espírito, nossos pensamentos serão levados cativos a Ele; vivemos Sua vida. Isso é o que significa estar trajado com as vestes de Sua justiça”.⁷

Os crentes fies no século 19 puderam perceber a obra que Deus desejava fazer neles, e então cada um teria seu caráter provado. Os elementos e eventos descritos na mensagem do terceiro anjo deixavam claro o teste de fé e caráter que estava diante deles. A besta, o papado⁸, a mãe das meretrizes, juntamente com a imagem da besta, que representa “a forma de protestantismo apóstata”, iriam se opor aos fiéis.

Esta imagem da besta, ou forma de protestantismo apostatado, iria se desenvolver quando as igrejas protestantes buscassem o auxílio do Estado para a imposição de seus dogmas.⁹ Então, elas afrontariam a lei de Deus impondo, através de leis opressoras, o sinal da besta, que é o dia de repouso papal¹⁰, ou seja, impondo a observância do domingo.¹¹

Então, tendo bem definido o sinal da besta, estava por outro lado o selo de Deus, pois “a verdadeira observância do sábado é o sinal de lealdade a Deus.”¹² O Senhor havia declarado o Sábado ser “um sinal, ... para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus.”¹³ E não somente o sábado, mas os Dez Mandamentos, os quais não tinham sido cravados na cruz, pois Cristo não veio abolir a lei, mas cumprir. Não deveriam os cristão seguir as pegadas do Mestre?

Os crentes fies de então "viram que tinham desprezado o quarto mandamento do decálogo, e estavam observado um dia legado pelos pagãos e papistas, ao invés do dia santificado por Jeová. Então, humilharam-se diante de Deus e lamentaram suas transgressões passadas.¹⁴

O teste descrito na terceira mensagem estava diante do povo de Deus, mas não demorou muito para o encontrarem. Em 1888-1889 o mundo sofria com uma pandemia asiática ou russa¹⁵, e leis dominicais já estavam passando nos Estados Unidos. Essas leis azuis, unindo-se a temas positivos do bem comum como, por exemplo, o assunto da temperança, estavam sendo levadas a nível nacional.¹⁶

Foi nesse contexto crítico, que o remanescente, através de sua liderança, rejeitou a luz do céu em 1888. Rejeitaram a mensagem de misericórdia quanto à justificação pela fé. Isso foi algo terrível, pois “a rejeição desta mensagem é não aceitar o sangue de Jesus Cristo imputado à minha vida, é não refletir o caráter de Jesus Cristo na vida”.¹⁷

Líderes da igreja adventista do sétimo dia, mesmo tendo presente o espírito de profecia, uma profeta viva, Ellen White, rejeitaram a mensagem da justificação pela fé e a justiça de Cristo. Estes certamente terão de prestar contas no dia do juízo.¹⁸ Sobre essa rejeição a inspiração também nos diz:

“A indisposição de ceder opiniões preconcebidas, e de aceitar esta verdade, [...] Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecoste. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória, e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo”.¹⁹

Assim todo o processo da experiência da terceira mensagem no céu e terra parou. E não foi pouca coisa rejeitar o processo e do céu. Pois:

“Quando rejeitamos a mensagem de justificação pela fé, não recebemos o selo de Deus. Porque “1888” (a mensagem da justificação pela fé) é sujeição e humilhação a um Está Escrito. Se não entendermos e aceitarmos isso, não receberemos a chuva serôdia; e não há nada mais perigoso do que estar em guerra e evitar as estratégias da mensagem."²⁰

No século 19, ao ser rejeitada a verdade sobre a justificação pela fé, a experiência da morte do "eu" não ocorreu, pois os adventistas daquela época falharam em aceitar a luz do céu, preferindo seguir um "eu" endurecido e opiniões preconcebidas. E a justiça de Cristo não pôde ser imputada, e nunca poderá ser colocado sobre um "eu" soberbo e orgulhoso, pois somente “quando os homens veem o seu próprio nada, estão então preparados para se revestirem da justiça de Cristo”.²¹

Era necessário morrer para o "eu", e submeter-se à vontade do Senhor, sua leis, estatutos e juízos. A justiça de Cristo na vida do crente se manifesta na obediência, por amor, `a toda lei moral. Essa obediência também deveria ser para com as lei naturais do Criador. Por isso a reforma de saúde foi e é um braço da terceira mensagem angélica.

“A reforma de saúde está tão intimamente relacionada com a mensagem do terceiro anjo, como o braço está para com o corpo; mas o braço não pode tomar o lugar do corpo. A proclamação da mensagem do terceiro anjo, os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus, eis o fardo de nossa obra. A mensagem deve ser proclamada em alta voz e deve ir a todo o mundo.” ²²

Eventos e Experiências finais - Nossos dias

Hoje, mais que nunca, devemos em Cristo passar pela experiência da morte ao "eu". A mensagem da justificação pela fé deve ser pregada em toda a sua compreensão e fortaleza.²³ Essa mensagem não é apenas a terceira mensagem angélica, mas é o resumo de toda a verdade antes dita pelos profetas.

Estamos vivendo dias em que o justo viverá pela fé. Hoje, igualmente temos passado por pandemias, crises e leis dominicais passando pelos Estados Unidos e mundo. Essas leis estão ligados a assuntos positivos do bem comum, como o tema da mudança climática. A cada ano o Acordo de Paris renova suas imposições e leis internacionais. Esse acordo iniciado em 2015, uniu “líderes mundiais de todo o mundo, pela primeira vez na história para ratificar legalmente as questões climáticas através da Convenção-quadro das Nações Unidas”.

O acordo tem ganhado desde então ainda maior apoio inter-religioso e sua relação religiosa com descanso dominical promovido na encíclica papal Laudato Si se tornam cada vez mais evidentes. Também, desde 2015 a encíclica propõe que “o domingo, como o sábado judaico, deve ser um dia que cura nossa relação com Deus, com nós mesmos, com os outros e com o mundo”²⁴.

Hoje, como no século 19, em meio a esse contexto turbulento, grande parte daquele que diz ser o povo remanescente, líderes e muitos dos membros da igreja adventista do sétimo dia, mesmo tendo as evidências diante de si a rejeitam. Mesmo tendo o espírito de profecia e nova luz através de uma profeta viva, o professo Israel de Deus repete a história de 1888. Infelizmente, mais uma vez a grande maioria do professo povo de Deus, está rejeitando a luz celestial. Deus tem dado testemunhos e a mensagem quanto a justificação pela fé e a justiça de Cristo, manifesta na obediência a todos os mandamentos, estatutos e juízos divinos, mas a luz tem sido grandemente rejeitada.

A lei de Deus, detalhada nos estatutos, é Sua vontade, a transcrição de Seu caráter, que deve permanecer para sempre “como uma fiel testemunha no Céu.” Em nossos dias, em Sua grande misericórdia, o Senhor tem enviado preciosa luz, uma mensagem de advertência e misericórdia à Seu povo. Para que este manifeste na vida prática obediência a todos os mandamentos de Deus.²⁵

Deus deseja que seu povo seja justificado, e se submeta à Sua vontade. A verdade presente da imutabilidade da lei de Deus sempre envolveu e envolve as leis, juízos e estatutos, pois há muitos anos já nos foi dito:

"Esses estatutos foram dados explicitamente para guardar os dez mandamentos. Eles não eram tipos como sombras que haviam de passar com a morte de Cristo. Eles deviam ser obrigatórios para o homem em todas as épocas enquanto o tempo durasse. Esses mandatos foram executados pelo poder da lei moral, e eles explicaram aquela lei de forma clara e definitiva".²⁶

Nenhum mandamento foi anulado; nenhum jota ou til se mudou. Diz o salmista: “Para sempre, ó Senhor, a Tua palavra permanece no Céu.” São “fiéis todos os Seus mandamentos. Permanecem firmes para todo o sempre. ²⁷ ”Os estatutos e juízos especificando o dever do homem para com seus semelhantes estavam cheios de instruções importantes, definindo e simplificando os princípios da lei moral, com o propósito de aumentar o conhecimento religioso e de preservar o povo escolhido de Deus distinto e separado das nações idólatras”.²⁸

Alguns podem se perguntar, "há necessidade desses estatutos para o povo de Deus em nossos dias?" A Testemunho Fiel nos diz:

"A necessidade disso para preservar o povo de Deus de se tornar como as nações que não tinham o amor e temor de Deus é a mesma nesta era corrupta, quando a transgressão da lei de Deus prevalece e a idolatria existe em uma extensão terrível. Se o antigo Israel precisava de tal segurança, precisamos dela ainda mais, para evitar que sejamos totalmente confundidos com os transgressores da lei de Deus. O coração dos homens é tão inclinado a se afastar de Deus que há necessidade de restrição e disciplina."²⁹

Deus está educando um povo e os levando à experiência da morte ao "eu" proposta na terceira mensagem angélica - “aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus³⁰ - o que envolve uma sujeição e humilhação a um "está escrito" no que diz respeito aos detalhes de nossa vida prática. A santidade “é integridade para com Deus; uma entrega total absoluta em obedecer e fazer Sua vontade sem perguntas”. ³¹

Através da experiência de purificação, desprendimento e morte para o "eu", Deus, em Cristo, deseja nos justificar e nos selar com seu Espírito para a salvação, em nossos dias. Não nos esqueçamos que tudo podemos em Cristo, podemos viver a alta norma de Deus e experimentarmos a morte para o "eu" completa, pois essa entrega e mudança são condições para cumprimento da promessa e a condição dos que receberão o selo de Deus:

“O selo de Deus jamais será colocado na testa de uma pessoa impura, ou seja, na testa dos humanos ambiciosos e amantes do mundo. É necessário possuir o manto da justiça de Cristo, pois ninguém entrará com sua própria roupa e nem por seus próprios méritos. Estamos em perigo de ter nossa mente preenchida com tristezas e pensamentos mundanos. O tempo do selamento é muito curto e logo passará... Ninguém que não possua o caráter do nosso mestre poderá recebê-lo. Ninguém que não possua o caráter do nosso Mestre o receberá.”. “Todos os que recebem o selo devem ser imaculados diante de Deus — candidatos para o Céu.”³³

"Nenhum de nós jamais receberá o selo de Deus, enquanto o caráter tiver uma nódoa ou mácula sequer. Cumpre-nos remediar os defeitos de caráter, purificar de toda a contaminação o templo da alma. Então a chuva serôdia cairá sobre nós.” ³⁴

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Referências

¹ Apocalipse 14.9-10

² Primeiros Escritos, 254, EGW.

³ Apocalipse 14.12

⁴ Mensagens Escolhidas, Vol 1, 372.

⁵ Testemunho para Ministros e Obreiros Evangélicos, 456, EGW

⁶ Primeiros Escritos, 254, EGW.

⁷ Parábolas de Jesus, 167, EGW.

⁸ O Grande Conflito, 443, EGW.

⁹ O Grande Conflito Condensado, 198, EGW.

¹⁰ Eventos Finais, 244, EGW.

¹¹ Eventos Finais, 244, EGW.

¹² Eventos Finais, 220, EGW; Exôdo 31.17.

¹³ Ezequiel 17.20.

¹⁴ Primeiros Escritos, 255, EGW.

¹⁵ Pandemic Influenza: Emergency Planning and Community Preparedness, CRC Press, 2008, p. 16.

¹⁶ In the Senate of the United States, 21/05/1888.

¹⁷ Testemunho, 18/01/2018, DE.

¹⁸ Carta, 09/01/1893, EGW.

¹⁹ Mensagens Escolhidas, Vol. 1, 234, EGW.

²⁰ Testemunho, 18/01/2018, DE.

²¹ Special Testimonies 09, 62, EGW.

²² Conselhos sobre Regime Alimentar, 75, EGW.

²³ Testemunho, 04/04/2018, DE.

²⁴ Laudato Si, cap. 6, seção 6.

²⁵ Eventos Finais, 200, EGW.

²⁶ Review and Herald, 06/05/1875.

²⁷ Salmos 119:89; 111:7, 8.

²⁸ Review and Herald, 06/05/1875.

²⁹ Review and Herald, 06/05/1875.

³⁰ Apocalipse 14.12.

³¹ Testemunho, 11/01/2019, DE.

³² Testemunho, 11/01/2019, DE.

³³ Eventos Finais, 221, EGW.

³⁴ Conselhos para a Igreja, 343, EGW.

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